segunda-feira, 2 de abril de 2012

Treino de luxo

Em entrevista durante a semana o técnico Mano Menezes afirmou, ironicamente, que caso utilizasse os estaduais como parâmetro para convocação, o ataque da seleção seria Souza e Neto Baiano. A declaração revela - além de uma miopia com Nordeste explicitada pela não inclusão dos Gabriéis da dupla Ba-Vi na pré-lista olímpica - o desprezo justificado aos estaduais pelo baixo nível técnico das competições. Pena que tal argumento não seja aplicado ao decrépito campeonato ucraniano.


Finalmente Ciro aproveitou a chance dada pro Falcão
Diferente do comandante canarinho que não precisa acompanhar o Baianão 2012, há quem o faça com gosto - caso deste escriba. Só um certo sadismo para justificar acompanhar in loco um confronto entre o já classificado e desfalcado Bahia e o medíocre Serrano com opções mais atraentes para um domingo ensolarado.


E os primeiros 20 minutos de jogo deram a falsa impressão de que tinha feito a opção correta. Falcão armou o Bahia num 4-2-3-1 interessante com Zé Roberto como armador central, Gabriel pela direita e Lulinha pela esquerda com Ciro  a frente, sem estar preso a referência. Com Lenine e Diones como volantes fechando bem os espaços, chegando a frente e trocando passes verticais, o tricolor imprimiu velocidade e impôs sua melhor qualidade técnica aproveitando os generosos espaços concedidos pela equipe conquistense. 


Bira Veiga, comandante da equipe interiorana, surpreendeu na última hora ao escalar seu time no 3-5-2, promovendo a entrada do zagueiro Williames. Talvez querendo explorar o corredor lateral onde até os ambulantes de Pituaçu sabem que o  Bahia tem dificuldades na marcação. Na prática entretanto, a estratégia expôs defensivamente sua equipe. Com muitos espaços entre os zagueiros e volantes, foi fácil para o quarteto ofensivo do esquadrão envolver os defensores adversários. A movimentação de Ciro deixava os zagueiros perdidos e a transição ofensiva comandada por Gabriel - melhor dos meias novamente - era veloz e objetiva.
Com Gabriel comandando o meio Bahia liquidou o jogo em 20 minutos. Destaque para a movimentação de Ciro, abrindo espaços na mal postada defesa do Serrano


Duas assistências de Gabriel, dois gols de Ciro e outro de Coelho em cobrança de penalti sofrido após infiltração de Lenine - em boa atuação do amazonense - definiram o jogo muito cedo. A facilidade aliada ao desentrosamento e a pouca aplicação de alguns jogadores fizeram o líder do campeonato arrefecer demais. O Serrano adiantou as linhas e passou a incomodar especialmente pela ala esquerda, onde Daniel aproveitava as subidas de Coelho.


A partir daí começou o show de horrores protagonizado pelo trio de arbitragem e pela defesa tricolor. Foram cinco penalidades distribuídas entre Coelho, William Matheus, Danny Moraes e Rafael Donato entre marcadas, não marcadas, anuladas  e confirmada. Detesto falar do assoprador de apito mas o que tal Carigé fez ontem está muito abaixo até do inclassificável nível dos apitadores baianos.


O lateral esquerdo do Bahia segue perdido no posicionamento defensivo. No primeiro gol do Serrano não adiantou para o bote e nem fechou pelo lado oposto, dando espaço a dois atacantes adversários. Houvesse mais qualidade na armação das jogadas, menos passes errados e uma arbitragem mais criteriosa o time do interior teria vazado a meta tricolor mais vezes, face a tarde desastrosa da retaguarda tricolor.


Finalmente na segunda etapa Bira Veiga percebeu que precisava reposicionar sua equipe para aumentar seu volume de jogo. Com e entrada de um meia no lugar do zagueiro Williames,  passou para o 4-4-2 e chegou a equilibrar a posse de bola em certos momentos, devido a queda da força ofensiva do Bahia muito em função da má jornada de Zé Roberto - que pouco produziu como armador central - e de Lulinha pouco à vontade pelo lado esquerdo. 
Serrano migra para o 4-4-2 e equilibra a equipe. Bahia sofre com a pouca inspiração de Zé Roberto e Lenine passa a organizar o time.


É compreensível a busca de Falcão de opções para o esquema. É hora de mexer no elenco e testar. Isso explica as entradas de Madson e Gutierrez. Com dois jogadores abertos para puxar o contra ataque, a equipe era comandada por Lenine que assumiu a função de organizador com as saídas de Gabriel, Lulinha e  a apatia de Zé Roberto O rendimento, lógico, caiu.


A primeira meta de Falcão - o primeiro lugar na fase - foi conquistado com tranquilidade. Resta recuperar jogadores para o elenco [Ciro, Vander] e dar ritmo a outras opções [Gutierrez, Lulinha]. Utilizar como treino de luxo os três últimos jogos da fase. Entretanto, é preciso apenas estar mais focado. Manter a concentração para entrar na fase final com força total.