quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A nova Roma do Rei?

“Pra tomar a posição de volta, Morais vai precisar jogar muita bola” sentenciou o magrinho de boné, camisa tricolor e radinho com fone de ouvido ao meu lado. Todos em volta concordaram, muitos até mais enfáticos. “Magno não sai mais desse time”, “Morais não tava jogando nada”... Enfim. É fato que a torcida do Bahia se empolga rápido demais – isso é bom e pode ser muito ruim – porém não há nada de incoerente nas afirmações. A atuação da equipe contra o Camaçari em Pituaçu deixou a torcida confiante e deu a certeza que algumas titularidades estão bem ameaçadas.

No gol Lomba é titular e não há discussão. Omar – que falhou no gol do Camaçari que abriu o placar – precisa trabalhar a reposição de bola e  saídas de gol. Ainda está inseguro. Mas tem grande reflexo e talento.
Recuperando jogadores do elenco Falcão criou dúvidas sobre titularidades

Nas laterais Coelho e Ávine ainda são titulares. Mas as boas partidas de Madson e Matheus – este último evoluiu muito com Falcão – com bom posicionamento defensivo e boas participações no ataque dão tranqüilidade para o elenco na ausência dos mais experientes. Madson está pronto pra jogar no profissional, chega bem ao ataque, faz a cobertura por dentro [fundamental pra um lateral], só falta mais capricho nos cruzamentos. A dupla de zaga é a atual, a não ser que Gutierrez entre muito bem na equipe. Donato, a despeito da falta de qualidade na saída do jogo, é vigoroso, bom pelo alto e joga sério.

Os volantes devem ser Fahel e Lenine. Fabinho é o reserva imediato de Fahel e Lenine briga pela posição com Hélder. No meio a briga é Morais X Magno e Gabriel X Lulinha. Falcão não deve mudar o esquema, então dificilmente Lulinha jogaria numa linha de três meias como na época de Joel, além de não ter presença de área pra jogar na frente. No ataque Júnior X Zé Roberto e Souza X Ciro. O ex-colorado deveria ser o titular mas a sequência de contusões tem aberto vaga aos outros pretendentes. O pernambucano terá dificuldades em entrar no time pois o Caveirão é imprescindível e Ciro é o único não canhoto, o que dificulta a diagonal curta pela esquerda.

Em relação ao jogo, vale ressaltar a tranqüilidade do time que não se apavarou quando o adversário abriu vantagem logo no início do jogo. O Camaçari surpreendeu com um esquema totalmente diferente de domingo passado. A entrada de Gilberto deixou o time mais solto ofensivamente, com Júnior à frente de uma linha de três meias [Gilberto, Róbson Luís e Dinho] que se revezavam constantemente. Gilberto infiltrava e passava a segundo atacante, configurando um 4-4-2 com meias abertos. Assim surgiu o gol.
O Bahia no seu habitual 4-2-2-2 já assimilado pelos jogadores, porém com Magno mais aberto e os volantes bem mais participativos ofensivamente. Lenine por vezes fez o “Box-to-Box” com facilidade pois encontrava espaços no meio. Com Magno e Gabriel inspirados os atacantes foram bastante acionados e as chances de gol se sucederam. O 
Esquadrão virou ainda na primeira etapa com boas combinações ofensivas, triangulações e ultrapassagens. Laterais participativos como no gol de Júnior com assistência de William Matheus, e no gol de Rafael Donato com assistência de Madson.
Camaçari surpreendeu com um 4-2-3-1 bem ofensivo e inversões de posições. Mas deu espaço que os meias tricolores souberam aproveitar.

Na segunda etapa  o Bahia liquidou a fatura em poucos minutos – como está se tornando habitual. Com o time procurando sempre Souza [a referência não apenas tática mas principalmente técnica] e Gabriel atuando ora  como armador, ora como ponta, o Bahia impôs a técnica superior, venceu os confrontos individuais e administrou o resultado. As entradas de Ciro, Filipe e Danny Morais mantiveram o sistema tático do time, com Filipe compondo o meio e dando mais liberdade para Gabriel atuar no ataque. Serviu para Falcão observar a boa técnica do volante que se destacou na Taça São Paulo e que é uma excelente opção para o futuro.

Bahia está tranqüilo com excelente padrão e intensa disputa por posições. As dúvidas são conseqüências do excelente início de trabalho do Falcão, ovacionado pela torcida ao fim da contenda. Será que ele será o “ Rei da Roma Negra”?

A paciência de Lenine


Quando Falcão foi anunciado como novo técnico do Bahia, antecipei que fatalmente Fahel e Fabinho não jogariam juntos. Bastou o clássico para o novo treinador constatar o que estava evidente, porém Joel não entendia. O Bahia precisava de pelo menos UM volante com boa saída de bola e mais velocidade.

Logo Falcão sacou Fabinho – que será titular contra o Camaçari devido a contusão de Fahel -  e efetivou Hélder como titular. Não é segredo que não sou fã do futebol do piauiense, acho que ele cerca muito e faz faltas bobas e perigosas, mas ele possui mais consciência de cobertura que Fabinho e apesar de pouco veloz tem uma saída de bola melhor que o ex-corintiano. A melhora na meia cancha foi evidente. Mas com a contusão do volante canhoto a oportunidade caiu no colo daquele que acredito ser o mais talhado para jogar ao lado de Fahel: Lenine.
No Bahia desde 2009, Lenine tem sua grande chance

O garoto revelado pelo Cruzeiro e trazido ao Fazendão por Mota destaca-se desde os tempos de júnior pela velocidade na transição ofensiva, bons desarmes e boa presença no ataque com bons chutes e presença na jogada área. A boa estatura aliada à qualidade técnica fazem dele um desses volantes raros capazes de se impor tanto pelo alto quanto pelo chão. Mesmo Joel já tinha se impressionado com o futebol do manauara. 

Após um 2011 improdutivo devido a uma grave contusão – no momento em que ganhava espaço no time – é chegada a hora de Lenine assumir a camisa 5 tricolor. Qualidade tem demais. Teve paciência pra esperar seu momento - como na canção do xará famoso -agora é hora de se firmar.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Questão de estilo

Quinze minutos do segundo tempo. Bola roubada no meio campo, puxada de contra ataque, Júnior tenta o passe para ultrapassagem de Lenine, bola cortada parcialmente, sobra pra Gabriel pela direita que avança, cruza, Ciro mata no peito, tenta o chute, é travado, a bola sobra pra Magno que limpa e chuta por cima da meta.

Pra quê gastar um parágrafo com um lance que não resultou em gol quando o jogo já estava decido em 3 X 0?

Com pouco trabalho na defesa, o capitão Tite ajudou a resolver no ataque
O lance elucida muito sobre o estilo que Falcão impõe ao time. A saber:
  •  Marcação meia pressão no campo adversário – Nada de esperar a bola no próprio campo. Dar espaço ao oponente torna perigoso o mais inofensivo rival. Evita cruzamentos, rebotes e faltas próximas a grande área. Mas exige aplicação dos homens da frente. E está havendo; 
  • Velocidade na transição ofensiva – Ao retomar a bola, os jogadores se deslocam oferecendo opções de passe. Havia cinco jogadores do Bahia dentro da área adversária na conclusão do lance. Os meias e volantes ultrapassam a linha de ataque e infiltram na área oposta.
  • Variações de ataque – Movimentação é importante para confundir a marcação adversária. Gabriel vira ponta, Magno abre na esquerda, Lenine vira meia e sempre há alguém em condições de receber a bola livre. 
  • Jogo coletivo – Troca de passes, aproximação, ultrapassagens, inversões, triangulações, tabelas... O drible surge quando é necessário vencer um confronto individual [como Magno fez no lance do segundo gol] e abrir espaço. Mas não é nunca a única opção.
Foi com essas premissas que o Bahia venceu o ferrolho do time do Pólo. Jogando num 4-4-1-1 com intenções claramente defensivas – o técnico Nelsinho Góes admitiu a intenção de manter o placar zerado no primeiro tempo – marcação forte nos meias ofensivos do tricolor e congestionando o meio, o Camaçari criou dificuldades durante boa parte da primeira etapa, principalmente depois que Dinho passou a vigiar mais de perto as investidas de Madson [pelo lado direito o Bahia poderia ter definido o jogo nos 15 primeiros minutos]. 
Camaçari bem fechado com 4-4-1-1 com maioridade númerica na defesa e Bahia no seu já tradicional 4-2-2-2 desta vez com Júnior fixo na referência
Foi possível observar, pela TV, o momento em que Falcão chama Magno à beira do campo e pede, gestualmente, que o meia movimente-se e saia para o lado para confundir a marcação. A superioridade numérica dos donos da casa no campo defensivo bloqueava os espaços. Mas num lance de bola parada – mérito para a visível eficiência das jogadas ensaiadas – o Esquadrão abriu o placar. E tranqüilizou o jogo.

Repetindo o expediente do confronto contra o Touro do Sertão, a equipe da capital voltou a segunda etapa para definir a contenda. Com aproximação, fechando os espaços e bastante volume de ataque vazou a rede adversária duas vezes em dez minutos. A partir daí posicionou-se para o contra ataque e poderia até ter conseguido placar mais elástico, como num contra ataque que permitiu Ciro finalizar – e perder – uma chance clara, de frente para Rodrigo.

Com a peleja definida, Falcão surpreendeu. Danny Morais e Vander entraram para a saída de Gabriel e Júnior. Claramente um teste para possíveis formações futuras, um 4-4-2 em losango com o zagueiro com vértice defensivo e Magno com enganche. Fabinho e Lenine como apoiadores. Bastante salutar testar outras formações, pois é preciso experimentar o elenco e simular situações de jogo. Até mesmo porque, com tantos desfalques como a equipe teve hoje, soluções para o futuro precisam ser imaginadas.

Com o jogo definido Falcão alterou formação do meio para losango e Vander como segundo atacante. Com entrada de Hugo Camaçari espelhou confronto com Dinho de enganche - sem sucesso
Líder com cinco pontos de vantagem, campeão do primeiro turno, nove partidas sem derrota, melhor ataque do campeonato e um futebol convincente. Aliado a um estilo que agrada e que, ao que parece, veio para ficar. 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Teoria e prática

A chegada de Paulo Roberto Falcão ao Bahia gerou uma grande expectativa. Não só pelo que ele representa para o futebol brasileiro, mas também - para mim principalmente - pelas idéias e conceitos que o “Rei de Roma” defende em relação a postura tática, estratégia de marcação, planejamento do futebol e estilo de jogo. Há algum tempo desejava que um técnico que acreditasse nesses conceitos desembarcasse no Fazendão. E sinceramente, nunca me preocupei com a falta de experiência ou controle de vestiário que supostamente mina a eficiência de seus trabalhos como treinador.
Bom início deve dar tranquilidade para consolidação de novo estilo de jogo
Quer dizer que após apenas três jogos já vaticino o trabalho de Falcão como vitorioso? "Calma, calma, eu tô pedindo calma!" O bom início – e não me refiro apenas a resultados – é alentador mas não pode esconder que ainda há muito a evoluir. Mas pela exigüidade de treinamentos, falta de pré-temporada e ruptura quase total com o modelo do técnico anterior é  motivo de otimismo a evolução do padrão de jogo da equipe em tão pouco tempo.

Taticamente o time tem mantido o mesmo sistema desde a estréia no clássico. Tendo como peça chave o meia-atacante Gabriel a equipe evolui de um 4-2-2-2 pra um 4-3-3 de base alta. Só para lembrar esse sistema evoluiu de um 4-4-2 em losango aplicado pelo auxiliar Eduardo Souza contra o ECPP. Morria ali o anódino 4-3-2-1 do papai Joel.

Muito mais importante que o sistema, entretanto, tem sido a estratégia de jogo tricolor. Com uma marcação meia pressão bem definida no campo adversário, triangulações, ultrapassagens e transições ofensivas pelo chão, a equipe mostra um estilo de jogo diametralmente oposto ao da última temporada. Lógico, é necessário relativizar o nível dos adversários e a fase menos aguda do campeonato, mas não há como negar um comportamento coletivo mais atraente do Esquadrão.


No jogo desta quinta contra o Fluminense de Feira, mesmo com os importantes desfalques de Souza e Morais foi possível observar essa evolução. Com a saída de Coelho no início do embate por contusão, o técnico Falcão optou por Diones para atuar no setor – mesmo com a afirmativa de que ele não possuía nenhuma experiência na posição – para não alterar o seu sistema de jogo. Um grande acerto pois manter Gabriel como peça-chave do esquema foi fundamental para conquistar o triunfo.

O Bahia dominou amplamente a primeira etapa e poderia ter saído com a vantagem antes do intervalo não fosse o excesso de preciosismo e capricho em muitos lances. Faltava também uma boa chegada dos laterais, mais inversões de jogo e menos erros de passes. Tudo isso combinado atrapalhava a transição ofensiva contra uma equipe recuada e esforçada na defesa, porém pouco compacta. Com Magno pouco produtivo, coube a Gabriel a função de armador, regendo quase todas as jogadas ofensivas, ora como meia que afunila ora como ponta que abre o jogo. Com Ciro e Júnior revezando-se na referência [mas sem a eficiência de Souza em fazer a função de pivô] o ataque muitas vezes demonstrou desentrosamento, apesar de não ter faltado aplicação. Os volantes pouco chegaram nesta etapa, especialmente Helder sempre preocupado com a cobertura de William Matheus num período que o Flu quase não atacou.
4-2-2-2 bem definido com transição para 4-3-3 a partir do avanço de Gabriel. Indefinição da referência foi tônica da primeira etapa, assim como desempenho apático do camisa dez e laterais.
Na segunda etapa o tricolor da capital voltou disposto a definir o jogo. Com os volantes mais próximos dos meias e marcando numa faixa mais compacta do campo, sufocou a equipe interiorana, imprimiu mais velocidade ao jogo e logo chegou a vantagem. Em jogada toda arquitetada pelo camisa 8, um boa infiltração de Magno pelo meio da zaga feirense tirava o placar da inércia.

O Esquadrão não conseguiu marcar o segundo logo na sequência apesar de diversas chances criadas e começou a perder intensidade na partida. A falta de cancha de Magno e queda do ritmo de recomposição de Gabriel faziam o Bahia perder o meio campo. Para retomar o controle da partida, Falcão lançou Jones e Lenine no lugar de Júnior [mal tecnicamente] e Magno. Durante alguns minutos a equipe perdeu posse de bola e o Flu chegou a ameaçar um pouco. Com os ajustes o time retomou o controle da peleja, especialmente devido a nova configuração tática: Diones preso na lateral direita, Lenine compondo o meio, Matheus e Helder revezando na primeira e segunda linhas. Isso  fez Gabriel recompor menos e voltar a produzir mais. Nesse novo equilíbrio, a equipe retomou as ações e acabou por definir o jogo. Lenine roubou a bola no lance que culminou no terceiro gol [de Helder] e marcou o quarto em outra assistência de Gabriel – a terceira dele no jogo.

Com modificações Falcão fortalece o meio e solta ainda mais Gabriel. Revezamento entre Jones e Ciro é menos intenso, e a compensação ofensiva é a subida do lateral esquerdo. Aproximação e movimentação aumentam e equipe define partida.
O Flu de Feira mostrou-se valente e aplicado mas o único atleta digno de citação é o meia Thiaguinho - apesar do pênalti desperdiçado. A equipe está bem abaixo das tradições do único bicampeão do interior  e não deve alcançar a próxima fase. Quanto ao Bahia, mesmo com três volantes o posicionamento e a estratégia de jogo permitiram definir o jogo com tranqüilidade. Com compactação e imposição, como teorizou Falcão. E na prática, a teoria é  mesma. 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Faltou tempero

O primeiro Ba X Vi de 2012 tinha todos ingredientes para se tornar interessante: Dois técnicos com grande história no futebol brasileiro, oitenta anos de tradição, e os melhores elencos das equipes em início de temporada em muitos anos. Porém ao apito final do árbitro Rodrigo Cintra a impressão era apenas uma: O resultado foi insosso.

Os rumos da partida começaram se definir na escalação do Vitória. Cerezo usou bem o treino secreto e preparou uma equipe totalmente diversa da que vinha atuando no campeonato. A entrada de Rodrigo Mancha mudou não apenas a estrutura, mas principalmente a estratégia da equipe rubro-negra. Com Mineiro como meia aberto na meia esquerda, Róbston centralizado e Marquinhos como atacante pela direita,  Cerezo configurou um 4-2-3-1 que variava para 4-3-2-1 afim de encaixar a marcação para anular os meias e laterais adversários. Mancha seguindo de perto Morais, Ueliton auxiliando a marcação de Gabriel, Mineiro explorando as subidas de Coelho e Marquinhos fechando os espaços de Hélder.

A escolha de Róbston para atuar como armador central tinha como intenção bloquear o espaço no meio, reduzindo a ação de Morais. Sem a bola o camisa 10 fechava o setor, permitindo sempre a sobra de um dos volantes. Essa superioridade numérica garantia que os meias e atacantes tricolores sempre tivessem dois marcadores à sua frente, eliminando o confronto individual. Quando conseguiu boas combinações pela direita com a dupla Coelho-Gabriel o Bahia se expôs pois a cobertura de Fabinho não era suficiente para bloquear Mineiro. Com sorte, Donato teve  boa atuação e antecipou bem jogadas que poderiam ser perigosas. 
Bahia no 4-2-2-2 e Vitória no 4-3-2-1 com Róbston na armação. Time de Cerezo encaixava os movimentos para anular transição ofensiva do Bahia e obteve êxito. Faltou inspiração aos ataques para saírem das amarras. 

O Bahia apostou na lateralização das jogadas abrindo bastante os meias, conforme a cartilha de Falcão. Teve mais posse de bola, manteve-se mais no campo ofensivo porém faltou infiltração e profundidade nas jogadas. Zé Roberto, visivelmente fora de ritmo, não aproveitou o espaço que teve para flutuar às costas dos volantes e do lateral Léo, que subiu bem em algumas oportunidades sem ser acompanhado pelo atacante.

Falcão posicionou seu meio campo no 4-2-2-2 à brasileira, mas seus volantes ficaram encaixotados no meio superpovoado por Cerezo. A escalação de Fabinho foi um retrocesso, pois além da lentidão na saída pro jogo sua substituição forçada – combinada com o cansaço de Zé Roberto e a contusão de Hélder – impediu a entrada de Ciro, única opção no banco capaz de mudar a característica do time,  devido a suas infiltrações em diagonal e aproximação de Souza. Vander deu mais agilidade ao time, mas ainda peca pela falta de objetividade nas jogadas.

A equipe rubro-negra ainda tentou colocar mais velocidade no jogo com a entrada de Arthur Maia e Pedro Ken, mas não abriu mão da formação mais cautelosa. Com claro objetivo de explorar os erros do tricolor, se contentou em esperar um erro de saída de bola, uma jogada de ligação direta ou bola parada para definir o jogo. Ao Bahia faltou uma solução técnica mais eficiente para sair da marcação, melhores triangulações ofensivas, mais velocidade na saída de bola e mais força física no quarto final da partida.

No frigir dos ovos, um clássico interessante taticamente, com equipes muito aplicadas, muita força de vontade e pouca produção técnica. As linhas defensivas estiveram muito bem e, se isso servir de consolo, a partir de uma boa defesa começa um bom time.

Destaques:
Bahia: Coelho, Donato, Fahel e Gabriel
Vitória: Léo, Gabriel, Dankler e Marquinhos


sábado, 11 de fevereiro de 2012

Imposição

A escalação do Bahia no clássico deste domingo, muito mais que mistério, é pura especulação. Com pouquíssimo tempo de treino e observações seria de se esperar que Falcão mantivesse a base e o esquema que vinha sendo utilizado pelo auxiliar Eduardo Souza. Mas Falcão demonstra querer mais.
Falcão adota estratégia agressiva
A saída de Fabinho, além do alegado problema médico era esperada. Isso porque dentro daquilo que pretende implantar no time, Falcão exige uma saída de bola mais qualificada e eficiente. Assumiria a posição Diones então? Poderia ser, se o apoiador não fosse tão tímido contra o Conquista. Certamente  isso foi decisivo para que o garoto Lenine, sempre bem nos treinos, assume uma das posições do meio.


A efetivação de Gabriel como titular, contudo, é a modificação que mais sinaliza a mudança de estratégia da nova comissão técnica. Falcão é incisivo nas entrevistas quando diz: “Futebol é imposição”. Neste caso parece claro que ele pretende uma transição ofensiva rápida pelos lados, aproveitando da inexperiência ou improvisação [talvez ambos] que o adversário deverá apresentar nas laterais.
Confrontos de meio campo bastante definidos. Com a bola Gabriel deve se tornar um terceiro atacante , configurando um 4-3-3 de base alta, o que exigirá cobertura de Mineiro. O rubro-negro deve explorar as costas de Coelho por onde atua Marquinhos.

Aí está a explicação também para a possível escalação de Zé Roberto. Ciro atuou muito bem na partida do meio de semana, porém é menos capaz de fechar o lado do campo e partir em velocidade. Como Falcão já conhece Zé Roberto nesta função, o meia sai em vantagem em relação ao pernambucano, apesar da falta de ritmo.

O desenho do meio então desdobra-se em um 4-3-3 de base alta quando o time estiver com a bola. Segundo Mourinho, esse é o melhor esquema para ocupação e compactação dos espaços e que menos exige movimentos complexos de cobertura, o que facilita a assimilação por parte dos jogadores. E Falcão deseja “um time compacto que ataque e defenda rapidamente”. A idéia é ter um time mais ousado, sem perder a consistência defensiva. 

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Casa arrumada

Uma vitória tranquila, na cadência de quem se preserva para um clássico. Foi assim que o Bahia derrotou, por 2 a 0 a equipe do Conquista ontem em Pituaçu. Com o time distribuído da forma que antecipei aqui, apenas com a entrada de William Matheus no lugar de Hélder, poupado.

O losango de meio campo ficou muito mais definido, com o aprofundamento do engache Morais e o posicionamento dos apoiadores Diones e Fabinho. Isso  facilitou o domínio das ações pelo tricolor que pela primeira vez no campeonato manteve boa posse e um bom número de troca de passes durante todo jogo. Contra um adversário acuado, equipe se impôs e não abriu o placar mais cedo devido ao preciosismo em alguns momentos e a falta de inspiração do lateral Matheus e do meia Diones em aproveitar  o espaço no lado direito da defesa interiorana. Até que Ciro começo a se fixar mais naquele setor e num lance que contou com a participação de Souza como pivô, aconteceu a penalidade que acabaria por abrir o placar.

Com a substituição de Fabinho por motivos médicos, Eduardo Souza ousou a colocar Madson e posicionar Gabriel como apoiador no losango pela direita.  Diones melhorou seu rendimento quando passou a atuar um pouco mais preso, e com a movimentação ofensiva de Gabriel o time chegava a configurar um 4-3-3 com a posse de bola – algo que foi decisivo para a definição do placar – pois numa infiltração em diagonal do próprio Gabriel o segundo gol assegurava o triunfo.

Após substituições equipe manteve estrutura. Porém com a bola avanço de Gabriel por vezes transformava o desenho num 4-3-3 com Ciro na referência e Zé do lado esquerdo

As substituições de Morais por Vander e Souza por Zé Roberto foram pontuais, e não modificaram a equipe taticamente. Houve pequena queda de rendimento no quarto final devido à falta de ritmo do estreante e a definição da partida, mas que não afetou a atuação do time, que poderia sair com um placar mais elástico se aumentasse o ritmo.
Auxiliar arrumou a bagunça deixada por Joel

Agora é esperar o clássico. Mas certamente Julinho Camargo percebeu que não haverá tanto trauma na adaptação do Bahia ao estilo Falcão de jogar. Méritos para o bom auxiliar Eduardo Souza.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Pré Jogo: Bahia X ECPP

Em sua terceira partida como interino no comando técnico do Bahia, o auxiliar Eduardo Souza deixa claro suas convicções táticas. Assim como nas partidas anteriores [contra o Flamengo na vitória de 3 a 1 em pleno Maracanã no brasileirão 2011 e domingo passado contra o Itabuna], irá repetir a formação de 4-4-2,  com poucas variações entre as oportunidades, quebrando a tradição dos treinadores anteriores – René Simões e Joel Santana.

Primeira mudança, bastante visível, é a presença de mais um atacante ao lado da referência. Mesmo quando utilizou Lulinha [que muitas vezes atua na meia] como domingo passado, exigiu um posicionamento mais "espetado", procurando a  aproximação com Souza. Contra o Flamengo em setembro utilizou Reinaldo [que não joga hoje, pois rescindiu], o que leva a crer que Ciro pode ser o titular. Até mesmo Gabriel, caso jogue na posição, deverá obedecer à premissa de aproximação com o camisa nove tricolor. É uma alteração que agrada, pois permite, desde a linha ofensiva, melhor compactação dos setores.
Movimentações ofensivas ficam mais equilibradas com atual esquema. Pouca infiltração dos meias é compensada com segundo atacante

No meio campo menor espaço entre os volantes e meias. Diones adiantado à esquerda; Morais por vezes centralizado e outras pela direita; Fabinho como volante com maior saída pro jogo. Contra o Itabuna a configuração [um pouco assimétrica, próxima de um losango] permitiu controlar determinados momentos do jogo, e não foi mais eficaz devido a má atuação técnica de diversas peças e timidez do flanco esquerdo nas ações ofensivas. Devido a isso, não é de surpreender que o segundo atacante [Ciro] caia muita vezes no setor esquerdo, afim de equilibrar o time  - na direita as descidas do ala Gabriel abrem espaço na defesa adversária.

Com um campo maior e de melhor qualidade [como o Maracanã] é de acreditar que os agrupamentos melhorem a coordenação ofensiva – um dos maiores defeitos da era Joel. Se minimizar os erros de saída de bola, cobertura dos laterais e basculação defensiva [quando o lateral fecha por dentro para criar a sobra] não será difícil conquistar a quarta vitória do auxiliar à beira do campo. E com idéias mais próximas de Paulo Roberto Falcão – tema do próximo post – o time pode começar a ganhar nova forma.