domingo, 26 de fevereiro de 2012

Questão de estilo

Quinze minutos do segundo tempo. Bola roubada no meio campo, puxada de contra ataque, Júnior tenta o passe para ultrapassagem de Lenine, bola cortada parcialmente, sobra pra Gabriel pela direita que avança, cruza, Ciro mata no peito, tenta o chute, é travado, a bola sobra pra Magno que limpa e chuta por cima da meta.

Pra quê gastar um parágrafo com um lance que não resultou em gol quando o jogo já estava decido em 3 X 0?

Com pouco trabalho na defesa, o capitão Tite ajudou a resolver no ataque
O lance elucida muito sobre o estilo que Falcão impõe ao time. A saber:
  •  Marcação meia pressão no campo adversário – Nada de esperar a bola no próprio campo. Dar espaço ao oponente torna perigoso o mais inofensivo rival. Evita cruzamentos, rebotes e faltas próximas a grande área. Mas exige aplicação dos homens da frente. E está havendo; 
  • Velocidade na transição ofensiva – Ao retomar a bola, os jogadores se deslocam oferecendo opções de passe. Havia cinco jogadores do Bahia dentro da área adversária na conclusão do lance. Os meias e volantes ultrapassam a linha de ataque e infiltram na área oposta.
  • Variações de ataque – Movimentação é importante para confundir a marcação adversária. Gabriel vira ponta, Magno abre na esquerda, Lenine vira meia e sempre há alguém em condições de receber a bola livre. 
  • Jogo coletivo – Troca de passes, aproximação, ultrapassagens, inversões, triangulações, tabelas... O drible surge quando é necessário vencer um confronto individual [como Magno fez no lance do segundo gol] e abrir espaço. Mas não é nunca a única opção.
Foi com essas premissas que o Bahia venceu o ferrolho do time do Pólo. Jogando num 4-4-1-1 com intenções claramente defensivas – o técnico Nelsinho Góes admitiu a intenção de manter o placar zerado no primeiro tempo – marcação forte nos meias ofensivos do tricolor e congestionando o meio, o Camaçari criou dificuldades durante boa parte da primeira etapa, principalmente depois que Dinho passou a vigiar mais de perto as investidas de Madson [pelo lado direito o Bahia poderia ter definido o jogo nos 15 primeiros minutos]. 
Camaçari bem fechado com 4-4-1-1 com maioridade númerica na defesa e Bahia no seu já tradicional 4-2-2-2 desta vez com Júnior fixo na referência
Foi possível observar, pela TV, o momento em que Falcão chama Magno à beira do campo e pede, gestualmente, que o meia movimente-se e saia para o lado para confundir a marcação. A superioridade numérica dos donos da casa no campo defensivo bloqueava os espaços. Mas num lance de bola parada – mérito para a visível eficiência das jogadas ensaiadas – o Esquadrão abriu o placar. E tranqüilizou o jogo.

Repetindo o expediente do confronto contra o Touro do Sertão, a equipe da capital voltou a segunda etapa para definir a contenda. Com aproximação, fechando os espaços e bastante volume de ataque vazou a rede adversária duas vezes em dez minutos. A partir daí posicionou-se para o contra ataque e poderia até ter conseguido placar mais elástico, como num contra ataque que permitiu Ciro finalizar – e perder – uma chance clara, de frente para Rodrigo.

Com a peleja definida, Falcão surpreendeu. Danny Morais e Vander entraram para a saída de Gabriel e Júnior. Claramente um teste para possíveis formações futuras, um 4-4-2 em losango com o zagueiro com vértice defensivo e Magno com enganche. Fabinho e Lenine como apoiadores. Bastante salutar testar outras formações, pois é preciso experimentar o elenco e simular situações de jogo. Até mesmo porque, com tantos desfalques como a equipe teve hoje, soluções para o futuro precisam ser imaginadas.

Com o jogo definido Falcão alterou formação do meio para losango e Vander como segundo atacante. Com entrada de Hugo Camaçari espelhou confronto com Dinho de enganche - sem sucesso
Líder com cinco pontos de vantagem, campeão do primeiro turno, nove partidas sem derrota, melhor ataque do campeonato e um futebol convincente. Aliado a um estilo que agrada e que, ao que parece, veio para ficar. 

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