quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A nova Roma do Rei?

“Pra tomar a posição de volta, Morais vai precisar jogar muita bola” sentenciou o magrinho de boné, camisa tricolor e radinho com fone de ouvido ao meu lado. Todos em volta concordaram, muitos até mais enfáticos. “Magno não sai mais desse time”, “Morais não tava jogando nada”... Enfim. É fato que a torcida do Bahia se empolga rápido demais – isso é bom e pode ser muito ruim – porém não há nada de incoerente nas afirmações. A atuação da equipe contra o Camaçari em Pituaçu deixou a torcida confiante e deu a certeza que algumas titularidades estão bem ameaçadas.

No gol Lomba é titular e não há discussão. Omar – que falhou no gol do Camaçari que abriu o placar – precisa trabalhar a reposição de bola e  saídas de gol. Ainda está inseguro. Mas tem grande reflexo e talento.
Recuperando jogadores do elenco Falcão criou dúvidas sobre titularidades

Nas laterais Coelho e Ávine ainda são titulares. Mas as boas partidas de Madson e Matheus – este último evoluiu muito com Falcão – com bom posicionamento defensivo e boas participações no ataque dão tranqüilidade para o elenco na ausência dos mais experientes. Madson está pronto pra jogar no profissional, chega bem ao ataque, faz a cobertura por dentro [fundamental pra um lateral], só falta mais capricho nos cruzamentos. A dupla de zaga é a atual, a não ser que Gutierrez entre muito bem na equipe. Donato, a despeito da falta de qualidade na saída do jogo, é vigoroso, bom pelo alto e joga sério.

Os volantes devem ser Fahel e Lenine. Fabinho é o reserva imediato de Fahel e Lenine briga pela posição com Hélder. No meio a briga é Morais X Magno e Gabriel X Lulinha. Falcão não deve mudar o esquema, então dificilmente Lulinha jogaria numa linha de três meias como na época de Joel, além de não ter presença de área pra jogar na frente. No ataque Júnior X Zé Roberto e Souza X Ciro. O ex-colorado deveria ser o titular mas a sequência de contusões tem aberto vaga aos outros pretendentes. O pernambucano terá dificuldades em entrar no time pois o Caveirão é imprescindível e Ciro é o único não canhoto, o que dificulta a diagonal curta pela esquerda.

Em relação ao jogo, vale ressaltar a tranqüilidade do time que não se apavarou quando o adversário abriu vantagem logo no início do jogo. O Camaçari surpreendeu com um esquema totalmente diferente de domingo passado. A entrada de Gilberto deixou o time mais solto ofensivamente, com Júnior à frente de uma linha de três meias [Gilberto, Róbson Luís e Dinho] que se revezavam constantemente. Gilberto infiltrava e passava a segundo atacante, configurando um 4-4-2 com meias abertos. Assim surgiu o gol.
O Bahia no seu habitual 4-2-2-2 já assimilado pelos jogadores, porém com Magno mais aberto e os volantes bem mais participativos ofensivamente. Lenine por vezes fez o “Box-to-Box” com facilidade pois encontrava espaços no meio. Com Magno e Gabriel inspirados os atacantes foram bastante acionados e as chances de gol se sucederam. O 
Esquadrão virou ainda na primeira etapa com boas combinações ofensivas, triangulações e ultrapassagens. Laterais participativos como no gol de Júnior com assistência de William Matheus, e no gol de Rafael Donato com assistência de Madson.
Camaçari surpreendeu com um 4-2-3-1 bem ofensivo e inversões de posições. Mas deu espaço que os meias tricolores souberam aproveitar.

Na segunda etapa  o Bahia liquidou a fatura em poucos minutos – como está se tornando habitual. Com o time procurando sempre Souza [a referência não apenas tática mas principalmente técnica] e Gabriel atuando ora  como armador, ora como ponta, o Bahia impôs a técnica superior, venceu os confrontos individuais e administrou o resultado. As entradas de Ciro, Filipe e Danny Morais mantiveram o sistema tático do time, com Filipe compondo o meio e dando mais liberdade para Gabriel atuar no ataque. Serviu para Falcão observar a boa técnica do volante que se destacou na Taça São Paulo e que é uma excelente opção para o futuro.

Bahia está tranqüilo com excelente padrão e intensa disputa por posições. As dúvidas são conseqüências do excelente início de trabalho do Falcão, ovacionado pela torcida ao fim da contenda. Será que ele será o “ Rei da Roma Negra”?

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