segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Faltou tempero

O primeiro Ba X Vi de 2012 tinha todos ingredientes para se tornar interessante: Dois técnicos com grande história no futebol brasileiro, oitenta anos de tradição, e os melhores elencos das equipes em início de temporada em muitos anos. Porém ao apito final do árbitro Rodrigo Cintra a impressão era apenas uma: O resultado foi insosso.

Os rumos da partida começaram se definir na escalação do Vitória. Cerezo usou bem o treino secreto e preparou uma equipe totalmente diversa da que vinha atuando no campeonato. A entrada de Rodrigo Mancha mudou não apenas a estrutura, mas principalmente a estratégia da equipe rubro-negra. Com Mineiro como meia aberto na meia esquerda, Róbston centralizado e Marquinhos como atacante pela direita,  Cerezo configurou um 4-2-3-1 que variava para 4-3-2-1 afim de encaixar a marcação para anular os meias e laterais adversários. Mancha seguindo de perto Morais, Ueliton auxiliando a marcação de Gabriel, Mineiro explorando as subidas de Coelho e Marquinhos fechando os espaços de Hélder.

A escolha de Róbston para atuar como armador central tinha como intenção bloquear o espaço no meio, reduzindo a ação de Morais. Sem a bola o camisa 10 fechava o setor, permitindo sempre a sobra de um dos volantes. Essa superioridade numérica garantia que os meias e atacantes tricolores sempre tivessem dois marcadores à sua frente, eliminando o confronto individual. Quando conseguiu boas combinações pela direita com a dupla Coelho-Gabriel o Bahia se expôs pois a cobertura de Fabinho não era suficiente para bloquear Mineiro. Com sorte, Donato teve  boa atuação e antecipou bem jogadas que poderiam ser perigosas. 
Bahia no 4-2-2-2 e Vitória no 4-3-2-1 com Róbston na armação. Time de Cerezo encaixava os movimentos para anular transição ofensiva do Bahia e obteve êxito. Faltou inspiração aos ataques para saírem das amarras. 

O Bahia apostou na lateralização das jogadas abrindo bastante os meias, conforme a cartilha de Falcão. Teve mais posse de bola, manteve-se mais no campo ofensivo porém faltou infiltração e profundidade nas jogadas. Zé Roberto, visivelmente fora de ritmo, não aproveitou o espaço que teve para flutuar às costas dos volantes e do lateral Léo, que subiu bem em algumas oportunidades sem ser acompanhado pelo atacante.

Falcão posicionou seu meio campo no 4-2-2-2 à brasileira, mas seus volantes ficaram encaixotados no meio superpovoado por Cerezo. A escalação de Fabinho foi um retrocesso, pois além da lentidão na saída pro jogo sua substituição forçada – combinada com o cansaço de Zé Roberto e a contusão de Hélder – impediu a entrada de Ciro, única opção no banco capaz de mudar a característica do time,  devido a suas infiltrações em diagonal e aproximação de Souza. Vander deu mais agilidade ao time, mas ainda peca pela falta de objetividade nas jogadas.

A equipe rubro-negra ainda tentou colocar mais velocidade no jogo com a entrada de Arthur Maia e Pedro Ken, mas não abriu mão da formação mais cautelosa. Com claro objetivo de explorar os erros do tricolor, se contentou em esperar um erro de saída de bola, uma jogada de ligação direta ou bola parada para definir o jogo. Ao Bahia faltou uma solução técnica mais eficiente para sair da marcação, melhores triangulações ofensivas, mais velocidade na saída de bola e mais força física no quarto final da partida.

No frigir dos ovos, um clássico interessante taticamente, com equipes muito aplicadas, muita força de vontade e pouca produção técnica. As linhas defensivas estiveram muito bem e, se isso servir de consolo, a partir de uma boa defesa começa um bom time.

Destaques:
Bahia: Coelho, Donato, Fahel e Gabriel
Vitória: Léo, Gabriel, Dankler e Marquinhos


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