sábado, 3 de março de 2012

Passo e me pico

É comum a ladainha dos treinadores sobre falta de tempo para pré-temporada das equipes, o excesso de jogos e o pouco tempo para treinamento. Fatores que, de fato, atrapalham muito na tarefa de imprimir um padrão de jogo a qualquer time. Mas as duas semanas de trabalho de Falcão no Bahia provam que, acima das dificuldades, os “professores” do futebol brasileiro estão com métodos defasados.

Influenciado pelas observações que fez no Velho Mundo e respaldado pela sua própria vivência de campo, Falcão surpreendeu a todos desde o primeiro dia com uma nova dinâmica de treinamento. Ao invés de rachão recreativo na véspera do jogo – expediente amado pelos boleiros – treino tático. No lugar do coletivo – melzinho na chupeta de jornalista que não presta atenção na atividade – treino técnico agrupando jogadores em espaços compactos. Claro, há espaço para ensaiar bolas paradas, mas também simular situações de jogo como contra ataques e transição ofensiva.

Com o suporte de um grupo extremamente dedicado, e que segue à risca a orientações dos treinadores [foi assim com Joel e René] o resultado apareceu antes mesmo do esperado, admitiu o ex-comentarista. Aqui falo de resultado não apenas em relação a placar, que ajudam a dissecar sobre o novo Bahia, porém não demonstram a mudança radical no estilo de jogo.

Em bate-papo com a imprensa, entre outras revelações, o catarinense radicado em Porto Alegre falou sobre não acreditar ser viável instalar um mesmo sistema de jogo pra todas as categorias de uma mesma agremiação. Importante seria disseminar uma concepção de jogo em todas as categorias. O exemplo do Barcelona, batido pois é justamente o mais cristalino, veio à tona e Falcão voltou a reforçar os conceitos de compactação toque de bola.

No baba pegado é um-dois, pai! 
E apesar de ter melhorado a posse e compactação é justamente o toque de bola que chama a atenção do atual Esquadrão. Longe de ser um tique-taca espanhol, mas com muitas aproximações que lembram o velho futebol brasileiro até meados dos anos 80 [que Falcão conhece muito bem] e também o estilo portenho de ludopédio: Toco e me voy.

Só que aqui na Bahia, terra do baba, tem que traduzir esse palavreado. Sendo o principal destaque do time revelado no campo do Lasca não tenho dúvida: Passo e me pico.

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