quarta-feira, 21 de março de 2012

Futuro do pretérito

Marcelo, Patrício [Marcone], Alison, Nen e Rubens Cardoso; Leandro, Élton, Ananias e Hélton Luiz [Léo Medeiros]; Beto e Reinaldo Alagoano. Não, esse time não ganhou nada e tampouco deixou alguma saudade na torcida. Mas essa equipe – comandada por Alexandre Gallo – ficou 12 partidas invictas no campeonato baiano de 2009 com 11 triunfos consecutivos. O que isso quer dizer? Aparentemente nada. Mas pode servir de [mau] exemplo ao Bahia de hoje.

A equipe de Gallo encontrou um “encaixe” muito rápido. A partir da segunda partida desandou a fazer gols e acumular grandes atuações. Marcelo virou paredão, Alison e Nen intransponíveis, Élton um volante com qualidade acima da média, Hélton Luiz o xodó e Reinaldp Alagoano o “matador” com o chapéu de pescador da Bamor. Nessa sequência citada acima, um triunfo inconteste de 2 X 0 em pleno Barradão e o início de uma nova era com Pituaço – o caldeirão recém inaugurado.

O final dessa história amigos, todos sabemos. Alison machuca seriamente e o Bahia perde a melhor bola parada e o zagueiro de melhor saída pro jogo. Marcelo, Élton e Rubens Cardoso começam a conviver com problemas físicos e caem de produção. Hélton Luiz mascara de vez e todos descobrem que não passava de um enganador. O ataque Beto – Reinaldo Alagoano se reveza entre caneladas e atuações pífias. A carruagem vira abóbora.

Sem comparar a qualidade dos jogadores nem a competência dos treinadores há muita similaridade entre as situações de 2009 e hoje. O rival tinha um meia experiente e eficiente na bola parada que brilhava nos clássicos [Ramon/Geovanni] e um artilheiro falastrão e caneludo fazedor de gols [Neto Baiano]. Do time atual tinha também Victor Ramos e Uelliton [que não era titular]. Depois da arrancada, o Bahia conseguiu perder a vantagem na reta final com derrotas para Ipitanga e Madre De Deus e deixou a taça mais uma vez no Barradão.

Esse é o temor – não admitido, porém sentido – de boa parte da torcida após as três últimas apresentações do Esquadrão. Vantagem que poderia ser de dez pontos por pouco não virou um [bendita trave] em apenas três rodadas. Cinco das seis últimas decisões entre os rivais foram vencidas na filigrana do regulamento. Falcão já declarou estar ciente. É preciso admoestar o elenco.

Aprender com o passado significa compreender o que começou a dar errado. Quando o “encaixe” acontece muito rápido pode ocasionar essa dificuldade em localizar a raiz do problema. Experimentar em excesso, inverter critérios e apostar em falso implica num retrocesso que pode custar caro. É preciso serenidade.

Tá bom, Lenine foi mal no clássico. Mas voltar com a dupla Fahel-Fabinho é tirar a teia de aranha da prancheta de Joel. Nenhum dos dois encosta com qualidade na frente e sai pro jogo com velocidade. Com os laterais titulares fora, a bola pouco chega ao ataque, pois os meias recuam muito pra buscar o jogo. Sobrecarregados precisam sair de marcação dupla até a área adversária. Ou não rendem, ou se desgastam como aconteceu com Gabriel no domingo.

Fica de olho aberto, Falcão
Tenho pedido insistentemente a saída de Júnior do time. Não participa bem do jogo, segura pouco a defesa adversária e se movimenta com lentidão. Entretanto tem presença de área e finaliza muito, o que é fundamental nestes pastos do interior – onde chuveirar é a melhor solução. Manter ele no Barradão e tirar do jogo de ontem não foi muito coerente. E com Ciro cada vez pior, a camisa 11 parece reservada a Zé Roberto.

A vitória contra o ECPP foi umas das maiores injustiças que já vi em campos baianos. Em que pese a substancial melhora após a entrada de Jones – imaginem! – o Bahia foi medonho. A defesa foi ridícula com o lado esquerdo inexistente e o miolo de zaga frágil. A vitória veio numa improvável subida de Fabinho ao ataque, com o suporte de Jones e o oportunismo de Souza.

Para tentar chegar ao triunfo Falcão demorou a tirar o improdutivo  Magno pra configurar um 4-3-3 da base alta. Com Fahel mais preso Madson teve liberdade para subir, porém jogada decisiva saiu dos pés de Fabinho.
Para retomar o padrão de jogo é preciso soluções para os problemas que ficaram evidentes no Ba X Vi, porém sem desprezar os avanços do trabalho já realizado. Olhar o passado recente não para amedrontar-se, mas para não repetir as mesmas falhas. Basta ter discernimento e estrela. Esta última, como vimos ontem, tá em dia.

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