segunda-feira, 26 de março de 2012

A mensagem do Profeta

Profeta não fazia rir mas fazia pensar
Dentre os 209 personagens que Chico Anysio deu vida, um não tinha como principal objetivo fazer graça. Jesuíno, O Profeta, era encarregado de encerrar os programas do humorista e sempre levava uma mensagem reflexiva, e passava uma imagem meio messiânica falando em tom patriarcal. Entretanto, quem foi a Pituaçu torcer pelo Bahia no confronto contra o Itabuna, saiu mais alegre que pensativo com a atuação do Profeta tricolor.

Souza – que na homenagem que o Bahia prestou ao humorista levou às costas o nome do personagem – destacou-se pelos quatro primeiros gols marcados, a assistência para o tento de Júnior e pela movimentação característica de um autêntico nove. Pela primeira vez com Falcão, o Bahia esteve postado no 4-2-3-1 de início – reforçando a suspeita do blogueiro que esse deva ser o esquema principal do time com os principais jogadores do elenco à disposição. Com Zé Roberto finalmente liberado para atuar desde o primeiro clássico do ano, o técnico lançou um posicionamento diferente do utilizado naquela ocasião. Alinhado com Magno pelo centro e Jones pela direita, Zé atuou com liberdade para infiltrar no ataque, movimentar-se pelo meio e sem preocupar-se com recomposição defensiva. Como atuava em Porto Alegre.
Formação inicial no 4-2-3-1 com Jones na direita. Inversão ocorreu aos 25 do primeiro tempo

Contando com o bom posicionamento e inspiração de Souza o Bahia tranquilizou a peleja logo no início, abrindo boa vantagem de dois gols. O carioca conhece bem a posição, faz o pivô com maestria permitindo aproximação dos meias e dando opções de passe.Não é como parece um jogador parado. Mas precisa da chegada dos jogadores de trás.
Meias com "pés invertidos" abrem corredor para os laterais apoiarem. Zé Roberto já atuou desta forma no Botafogo.

Interessante também foi a inversão de lado entre os meias extremos, com Jones passando para esquerda e Zé Roberto para direita. Esse posicionamento de meia com pés invertidos facilita a infiltração diagonal e abre espaço para o avanço dos laterais. Como o Itabuna não agredia, Madson e Matheus puderam subir com tranquilidade ainda que apenas o primeiro produzisse algo. Em contrapartida, como o 10 tricolor não acompanhava o ala esquerdo interiorano, algumas vezes o flanco ficou desprotegido o que obrigou Rafael Donato a sair para cobertura, mas sem maiores preocupações.
A fragilidade itabunense acomodou o tricolor e foi possível observar a insatisfação de Falcão antes do fim da primeira etapa. Chamou a atenção de Fahel e Lenine – que deveriam fechar mais o meio e encostar no trio de armação -  e orientou Jones, que esteve longe de encantar tecnicamente mas foi aplicado e cumpriu bem sua função tática.

Como diversas vezes neste campeonato, o Esquadrão voltou para a segunda etapa disposto a liquidar o jogo antes dos 15 minutos finais. E assim o fez. Com Magno mais objetivo, distribuindo bem o jogo e movimentando-se com fluidez, as boas combinações ofensivas demoliram qualquer possibilidade de alteração do cenário do jogo. A partir daí, os gols se sucederam e Falcão pode dar ritmo a jogadores como Lulinha e Coelho que serão fundamentais para a sequência da temporada.
Formação final no tradicional 4-2-2-2 com Lulinha na meia direita. Boa alternativa  para ausência de Gabriel.

Com a entrada de Junior, o Bahia voltou ao 4-2-2-2 predominante este ano. Com Souza mais desgastado, o diabo loiro passou a ser a referência e o Caveirão passou a atuar mais estático, distribuindo o jogo. Lenine passou a chegar mais ao ataque e após acertar uma bola no travessão pôde marcar também seu gol num dos lances finais da partida.

Num embate fácil, que mostrou a diferença técnica entre as agremiações, ficou a certeza que o Bahia caminha para encontrar outra alternativa de jogo – algo que faltou nas últimas rodadas. Assim como pregava o Profeta de Chico City, a mensagem que ficou  para o futuro tricolor foi de esperança e otimismo.

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