segunda-feira, 11 de julho de 2011

Além do superficial

Na partida contra o Botafogo, o Bahia completou quatro partidas como mandante. Nenhuma vitória. Muito além da superficialidade que supõe algumas análises [tensão, falta de determinação, falta de sorte] é necessário alterar o padrão do time em Pituaçu.

Alguns jogadores não possuem a característica ideal para a proposta de jogo definida por René Simões.
As vitórias fora de casa, deram ao técnico a certeza de ter encontrado o sistema ideal. Tal sistema se baseia em alguns pilares: Abdicar da posse de bola, marcação em pressão alta a partir do meio de campo, transição ofensiva rápida a partir da recuperação da posse, lateralização da jogadas com infiltração diagonal.

O encaixe ocorreu com as entradas de Paulo Miranda no miolo central da zaga - zagueiro rápido, bom na cobertura e antecipação - e Carlos Alberto como quarto homem de meio campo [o enganche] - jogador com boa recomposição defensiva, dinâmica sem a bola e infiltração pelo meio. A nova dupla de ataque [Júnior e Jóbson] também funcionou melhor devido a maior movimentação do camisa 99, abrindo mais espaços para a diagonal do 11.

O castelo de cartas desmoronou com a contusão de Carlos Alberto. Sem alguém com a mesma condição técnica e tática, a tentativa de adaptar Ricardinho para a função foi frustrada. Sem mobilidade, encaixotado na marcação dos volantes e sem a 'intensidade" cobrada por René, o time ficou extremamente dependente dos avanços dos laterais. Contusão de Ávine, má fase física e técnica de Jancarlos, irregularidade de Marcos e Dodô ... Pronto. Estava criado o cenário do caos. A ausência de Jóbson  no confronto de domingo passado só potencializava as dificuldades. E o técnico do Bahia não soube achar as soluções.
Confronto espelhado no 4-3-2-1 no primeiro tempo. Distribuição deixou Júnior isolado na frente















Caio Júnior surpreendeu com a escalação de Araruama no lugar do meia Everton [machucado]. Na verdade ele quis espelhar o confronto num 4-3-2-1 idêntico ao do tricolor. Congestionar o meio e apostar na vitória individual dos seus meias [Maicosuel e Elkeson] sobre os marcadores. Quase obteve êxito.

A escolha de Lulinha para a posição de Jóbson foi péssima. Por característica, ele jogou praticamente alinhado a Ricardinho, como um meia aberto na extrema direita, isolando Júnior no ataque. Sem municiamento o centrovante teve que recuar diversas vezes pra buscar jogo, além de ter que girar em cima de dois marcadores quase sempre. Os volantes do Bahia jogam longe da área adversária pois o time não é compacto e os laterais jogam avançados. Isso sobrecarrega Diones e Marcone, que precisam estar sempre atentos às coberturas.

Repetindo o expediente do jogo contra o Corinthians [quando marcou William], Fahel jogou posicionado em marcação individual a Maicosuel, que muitas vezes abria na direita levando a marcação do volante. A intensa movimentação do meia botafoguense rendeu elogios de Caio Junior, e numa destas inversões de lado, conseguiu a falta que resultou no gol que abriu o placar. Elkeson, além da excelente cobrança de falta,  também teve uma movimentação interessante, e até levou vantagem em muitos confrontos individuais com Marcone, o que afastou cada vez mais o volante do campo ofensivo do Bahia - tarefa que sobrou a maior parte do tempo para Diones que apesar da boa partida precisaria infiltrar mais no ataque, devido a inoperância de Ricardinho. 
4-3-3 do Bahia segurou laterais e volantes botafoguenses. Durou 12 minutos.

Com poucas finalizações no primeiro tempo e precisando agredir o adversário, as entradas de Gabriel e Maranhão foram acertadas. Com Fahel de lateral-zagueiro pela esquerda, Lulinha de enganche pelo meio e Maranhão e Gabriel abertos no ataque, Bahia configurou um 4-3-3 que sufocou o Botafogo por 12 minutos. Apesar da pouca infiltração em diagonal, e o deserto de jogadas efetivas, time conseguiu o domínio das ações e da posse ofensiva de bola, até que a desastrada contusão de Maranhão, obrigasse René a colocar Rafael no jogo. Sem mobilidade, com dois jogadores parados a frente, o time perdeu completamente a capacidade de articular e manter a posse de bola, sofrendo muitos contra ataques perigosos da equipe carioca. O empate em gol de escanteio veio a calhar e deixou claro que René precisará escolher outras alternativas de jogo para suprir as deficiências do elenco.

2 comentários:

  1. Muito boa análise.

    Jancarlos não dá mais e Ricardinho é muito lento. Júnior só joga bem com Jobson. Acho que Renê deveria testar outro centroavante, João Neto talvez...

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  2. Os comentários é que João Neto treina mal e por isso não estaria ficando nem no banco. Nos poucos minutos contra o América-MG a atuação dele me agradou.

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