terça-feira, 26 de julho de 2011

Problema individual ou coletivo?

Convicção.  O que sobrou à boa parte da torcida do Bahia ao final do jogo - pedindo a demissão do técnico com o coro "Adeus René..." - faltou ao próprio treinador na hora de definir o time. A pressão pelos resultados em casa, a opinião adversa de parte da imprensa e da torcida, levou o técnico a uma opção claramente não adequada. Não apenas pela escalação de Lulinha, mas principalmente pelo posicionamento deste no esquema. O meia-atacante rende muito mais quando joga como "falso-ponta" pela direita, mais aberto fazendo a diagonal para fechar o meio campo. Assim ele foi um dos melhores jogadores do segundo Ba-Vi da semifinal do baiano, e decisivo no segundo tempo contra o Atlético-PR. Quando joga muito longe da grande área ficam mais evidentes suas limitações para cumprir a transição ofensiva, pois se trata de um jogador que precisa de espaço pra evitar o choque físico direto com os volantes. Combinando isso com a escalação - acertada - de Gabriel pela direita, René fragilizou ao extremo o flanco do time, que ficou extremamente exposto, exigindo de Fahel muitas saída para cobertura, desguarnecendo o meio.

O Coritiba é uma equipe que se adapta facilmente a forma de atuar do adversário, fato citado aqui no pré-jogo do blog. Para explorar os espaços deixados nas laterais, Marcelo Oliveira posicionou uma linha de três armadores, alterando o posicionamento para 4-2-3-1, com Léo Gago mais preso ao lado de Donizete. Com troca de posição constante, principalmente entre Rafinha e Marco Aurélio, a avenida pela direita era um espaço de infiltração assim como o meio onde Marcone precisava se desdobrar em acompanhar Tcheco e cobrir as subidas de Ávine. Os meias do Bahia ficaram "encaixotados" na marcação da dupla de volantes curitibana, configurando o total domínio das ações pelos paranaenses. Nos primeiros minutos Jóbson fez uma movimentação interessante, caindo também pela direita nas costas dos volantes combinado com boa diagonal feita por Gabriel, e o Bahia criou algo. Não durou muito e o atacante voltou a se fixar na esquerda aguardando um apoio de Ávine [muito mal] que não rendeu o esperado.
Coritiba anula dupla de armação e confunde defesa com movimentação de meias alinhados. Espaços entre laterais e zagueiros tricolores foi convite a infiltração

As atuações, em geral, foram muito ruins.Com Lulinha, Júnior e Ávine abaixo da crítica,  Carlos Alberto e Jóbson oscilando e egoístas, o ataque tricolor sempre esteve em desvantagem contra marcação dobrada. As entradas de Fabinho e Ricardinho foram positivas, agregaram  mais capacidade de trabalhar a bola, entretanto a expulsão de Leandro Donizete fez o Coritiba novamente se reposicionar. De forma inteligente, o time se compactou em duas linhas de quatro, com os meias abertos e avançados para explorar o contra ataque. A entrada de Anderson Aquino melhorou a movimentação ofensiva e o gol não saiu por puro capricho e falta de pontaria, pois os espaços na defesa tricolor eram gigantescos. O nervosismo, a ansiedade, a falta de entrosamento e o cansaço de alguns atletas acabaram por minar o time da casa no último quarto do jogo. As chances que surgiram foram fruto de jogadas esporádicas, casuais, exceto uma infiltração de Ricardinho na área que podia ter decidido o jogo - algo que aconteceria apenas devido ao brilho individual do atleta.
Mesmo com dez jogadores, time coxa branca permanece mais organizado e compacto, com a mesma postura teve chances de vencer o jogo. Mudanças melhoraram o Bahia  mas desempenho coletivo permaneceu pífio

É preciso ter discernimento para entender que o problema do time não é "meramente" tático. Não é troca de um volante por um meia ou atacante que mudará a forma de jogar da equipe. O Bahia precisa mudar o padrão de jogo especialmente quando atua em casa. Adiantar a marcação, compactar os setores, movimentar as peças, inverter o jogo, realizar ultrapassagens, marcar a saída de bola, enfim, propor o jogo e não ficar aguardando o adversário, atuando sempre de forma reativa. Não acredito entretanto, que a realização de treinamentos "coletivos" seja a solução como insinua parte da imprensa. Benazzi fazia três coletivos por semana e .... Bem nós sabemos como era o time de Benazzi. Coletivo é importante para o entrosamento - e o Bahia precisa - mas não é a solução mágica que se espera. Como talvez não seja também a demissão de René.

Nota¹: Titi, Fahel, Lomba, Gabriel, Paulo Miranda. Únicos que se salvaram na atuação desastrosa da equipe. Gabriel começa a cavar sua vaguinha na incompetência de Marcos em dar sequência às jogadas. Mas sempre vai precisar de uma boa cobertura pelo setor [com Marcos e até Jancarlos não é diferente].

Nota²: Ao invés de treinamento coletivo, Bahia precisa intensificar trabalho de dois toques e passes. Time é o segundo em passes errados no campeonato. São muitos erros, especialmente em saída de bola. Ávine e Marcone abusaram neste quesito no último jogo.

Nota³: Reinaldo visivelmente sem ritmo de jogo e Jóbson extremanente ansioso - o que lhe custou a expulsão. Reedição da Torres Gêmeas com Souza e Júnior? 

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